domingo, 25 de setembro de 2011

CIÊNCIAS AUXILIARES DA HISTÓRIA

Entendem-se por ciências auxiliares da História aquelas que, de formas variadas, contribuem para a evolução da mesma através do estudo e/ou análise de uma das suas partes constituintes, podendo ser fontes consideradas oficiais ou subjetivas (quando transmitidas por terceiros). Encontramos a radioatividade, a termoemanescência e a termoluminescência, no que se refere aos componentes geográficos, e no âmbito da físico-química a dendrocronologia (datação da madeira pelos anéis de crescimento) e a palinologia (arqueologia botânica), por exemplo. Por outro lado, e de uma forma mais direta, existem a linguística (essencial para todas as outras ciências, uma vez que envolve a interpretação da fonte de informação), a filologia, a heurística (procura das fontes históricas), a literatura, a paleografia (estudo da escrita), a diplomática (estudo de documentos oficiais), a genealogia, a heráldica, a bibliografia, a crítica textual (método nascido no século XIX que tenta restaurar a autenticidade dos textos), a cronologia (adaptada às diferentes ciências, civilizações e zonas geográficas), a antropologia, a fotografia, a arquitetura, a sigilografia (estudo de selos), a numismática (estudo das moedas), a epigrafia (escrita sobre pedra) e a arqueologia, não excluindo a análise de espetros por meio de laser e a holografia, sendo estas duas técnicas essencialmente vocacionadas para a reconstrução dos materiais e formas.
Particularizando e ilustrando o contributo de algumas destas ciências, observamos que a paleografia, termo que designa o estudo da escrita clássica (ou antiga) e medieval, se centra essencialmente em suportes como o velino, o pergaminho, o papiro, o papel, a madeira, o barro, o metal e a tela. Dados como o dito suporte, que variou e evoluiu ao longo dos tempos (o papel apareceu na Europa apenas no século XV, importado da China, por exemplo), a datação da escrita, que esteve sujeita aos fatores que acabámos de mencionar e as abreviaturas são elementos que permitem determinar a origem e a data de fatura.
A sigilografia estuda os selos, que se revestiram de grande importância ao terem funcionado como assinaturas e certificados de autenticidade de documentos legais, bem como elemento físico que garantia o sigilo do conteúdo, uma vez que era evidente a sua quebra. Deve-se considerar neste âmbito a matriz onde está relevado o motivo e a superfície mole (cera e resina com pigmentos) que recebe este mesmo motivo, tendo ambas variado ao longo da História nos materiais (na Idade Média europeia era costume usar prata ou uma liga metálica similar ao bronze, assim como ouro, marfim e chumbo, enquanto que na centúria de seiscentos se popularizou o aço), forma (redonda, amendoada ou em losângulo, na época medieval) e motivos. Estes últimos são de extrema utilidade, pois fornecem informação de como seriam determinados edifícios, cidades, qual a divisa e a heráldica usada e por quem, se o proprietário pertencia à Igreja ou não e o gosto da época, entre muitos outros elementos.
No século XX a bibliografia ou descrição de livros revestiu-se de uma importância bastante grande, uma vez que, sendo uma ciência sistematizadora, permitia a organização da informação - que entretanto se tornara avassaladora, devido à grande e heterogénea massa de publicações - para que fosse levada a cabo uma consulta rápida, objetiva e eficaz. Dentro desta ciência podem-se identificar a bibliografia descritiva (centrada na identificação e descrição do livros e do seu assunto) e a bibliografia crítica (que se dedica à análise aprofundada do livro no contexto histórico-literário).
A filologia histórica, colocada em prática pelo humanista italiano Della Valla (XV), preconizava o estudo dos textos antigos usando apenas fontes contemporâneas dos escritos e limpando interpretações menos corretas que foram sendo feitas e alteraram a intenção do autor, algumas das quais subsistiram até ao tempo presente.
A genealogia, que estuda a história das famílias, possui uma óbvia importância ao descobrir retrospetivamente o trilho geracional dos seres humanos, uma vez que a ancestralidade sempre pressupôs uma mais valia que ditava a posição de cada homem no seu meio social. Lembremos que o povo romano "fabricava" antepassados gregos, civilização venerada e considerada perfeita em quase todos os sentidos, e que a dinastia merovíngia é ainda - principalmente para os Franceses - um tema inesgotável por assentar na presumível ascendência de Maria Madalena e Jesus Cristo.
A arqueologia, que estuda os vestígios físicos do passado do Homem e feitos por ele, tem a incumbência de os descrever e classificar, situando-os no tempo.
Não devem ainda ser esquecidos o folclore, a toponímia e as tradições de costumes, orais e musicais, que, apesar de não incluídas nos limites das ciências, são um contributo de relevo para o estudo da História.

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