sábado, 31 de março de 2012

AMISTAD

Título Original: Amistad
País de Origem: EUA
Gênero: Drama
Tempo de Duração: 155 minutos
Ano de Lançamento: 1997
Site Oficial:
Estúdio/Distrib.: Paramount Home Vídeo
Direção: Steven Spielberg
Sinopse
Em 1839, um grupo de escravos apodera-se do comando do navio que os transportava, a fim de regressarem à sua terra natal. Quando o navio, chamado La Amistad, é recapturado e levado para os EUA, os escravos são acusados de crime e encarcerados à espera do seu destino.Inicia-se um processo que irá confrontar as bases de todo o sistema judicial americano. Mas para os homens e mulheres em causa, é uma simples batalha pelo direito básico de toda a humanidade... a liberdade.

O NOVO MUNDO

Quando o recluso cineasta Terrence Malick anunciou, em 2004, que pretendia levar às telas uma ficcionalização da vida da mítica índia Pocahontas, a notícias foi recebida com certo desânimo. É compreensível, pois parecida um desatino típico de um ermitão. Como era possível que um diretor do calibre de Malick, tendo filmado apenas três vezes em 30 anos, resolvia fazer um quarto e esperadíssimo longa-metragem justamente sobre um mito romântico um tanto bobo e amplamente conhecido? Muita gente torceu o nariz. O fato é que, à parte a ficção que o mundo conhece a respeito da bela índia, “O Novo Mundo” (The New World, EUA, 2005) é mesmo um projeto talhado para Terrence Malick.
A tarefa de que o cineasta se incumbiu é relativamente simples: arrancar da história de Pocahontas toda a casca fictícia e romântica que o tempo se encarregou de agregar a ela. Despir o mito. Narrar os fatos como eles realmente aconteceram. Considerando que o diretor é um especialista inegável em filmar histórias sobre o lugar do homem na natureza (vide a obra-prima “Dias de Paraíso”, de 1978) e que também possui experiência em ficcionalizar fatos reais de maneira realista (o que fez soberbamente em “Terra de Ninguém”, de 1973), “O Novo Mundo” encaixa perfeitamente na filmografia de Malick, pois faz as duas coisas. E se não chega ao nível de excelência desses dois momentos antológicos do cinema norte-americano dos anos 1970, mostra que Malick é um sujeito de integridade, e que a reclusão voluntária a que se submeteu – não dá entrevistas e nem se deixa fotografar – serviu para manter intacta sua visão de mundo.
Se é bom ou ruim o fato de alguém manter uma ideologia congelada após 30 anos, fica a cargo de cada leitor decidir. Uma coisa é certa: “O Novo Mundo” reflete perfeitamente o estado de espírito de Terrence Malick diante do modo como ele vê a humanidade. Trata-se de um estado de permanente melancolia, um sentimento de tristeza por acreditar irremediável o divórcio entre civilização e natureza. De fato, toda a obra de Malick, se bem observada, gira em torno de um único tema, que é a luta do homem para encontrar seu lugar no mundo. Uma luta perdida de antemão, já que a própria existência do homem pressupõe a criação de uma cultura com regras sociais que o obrigam a domar os instintos, algo que o condena a uma sensação permanente de melancolia, já que no processo ele acaba perdendo uma parte fundamental de si.
Malick narra a história da Pocahontas (Q’Orianka Kilcher, estreando no cinema) com distanciamento, perseguindo um realismo virtualmente impossível. Afinal, pouco se sabe sobre os detalhes da história da índia que casou com um aristocrata inglês – o primeiro casamento entre um nativo dos EUA e um colonizador registrado pelos livros de História – e virou atração da corte na Inglaterra do século XVII. Malick teve que preencher as muitas lacunas com ficção da própria lavra. Ele escreveu o roteiro e, como já havia feito em “Além da Linha Vermelha” (1999), usou o prestigio pessoal para convocar uma lista invejável de bons atores, incluindo Colin Farrell, Christopher Plummer, Christian Bale e, em papéis de menor destaque, David Thewlis e Ben Chaplin.
A narrativa que emerge em “O Novo Mundo” é, essencialmente, a história de um amor impossível, um “Romeu e Julieta” na selva. Malick não se afasta tanto assim do mito, embora mantenha distância segura dele. No filme, por exemplo, os fatos mais conhecido da jornada da índia norte-americana são apresentados como verdadeiros – filha do chefe dos nativos da Virgínia, onde os ingleses se estabelecem, ela teria salvado o aventureiro John Smith (Farrel) da morte nas mãos dos índios e provido a colônia inglesa com comida nos momentos mais difíceis. Por outro lado, a beldade de olhos castanhos jamais é chamada, por nenhum personagem, pela palavra Pocahontas, uma expressão que só se popularizou muitos anos depois da morte da garota, ocorrida em 1617.
A tese básica do filme, que percorre toda a obra de Terrence Malick, remete ao mito do bom selvagem de Rousseau. O cineasta, como o filósofo francês, vê a civilização como fator corruptor do espírito original ser humano. Este é um processo que se dá de forma lenta e quase imperceptível: aos poucos, ao adquirir cultura e educação, os homens vão aprendendo progressivamente a domar os instintos. Malick agrega um dado novo à equação, admitindo que o último degrau nesse processo de aculturação é o amor, e que quando um selvagem consegue fazê-lo, significa que está completamente adaptado à civilização.
O modo como a nativa americana lida com esse sentimento vai mudando lenta e firmemente durante o filme e, em última instância, acaba determinando suas atitudes. É isso: para Malick, a civilização faz as pessoas melancólicas porque, para viver em sociedade, elas precisam eliminar os instintos, algo fundamental para que haja alegria no viver. Quando perdem isso, as pessoas perdem também algo intangível e essencial. A transformação da índia alegre e jovial do início do filme em uma mulher feliz, mas sisuda, é um exemplo perfeito da teoria. Se Pocahontas inicia “O Novo Mundo” gargalhando, termina sorrindo. E a diferença é considerável.
Malick filma a história idílica com um falso despojamento que é quase uma marca registrada. A trilha sonora de James Horner, evocativa embora não especialmente cativante, acompanha obsessivamente os personagens do triângulo amoroso que o filme constrói – além de Pocahontas e John Smith, há ainda John Rolfe (Christian Bale) – e a fotografia do craque Emmanuel Lubezki (“A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça”) explora as paisagens utilizando apenas a luz natural, o que dá ao todo um tom mais realista do que aquele visto, por exemplo, em “Dias de Paraíso”. O ritmo do filme é lento, contemplativo, quase preguiçoso, algo vital para as intenções de Malick mas que dificulta o envolvimento emocional da platéia na história. Não há uma única seqüência de ação. “O Novo Mundo” é um filme feito para adultos.
Do ponto de vista narrativo, o longa-metragem padece de certa falta de foco, algo visível principalmente pelo uso simultâneo de três narrações em off. Cada vértice do triângulo amoroso narra um pedaço da ação, com abundância de trechos poéticos e não-narrativos, incluindo comentários filosóficos, orações e poesias. “O Novo Mundo” passa a sensação geral de um filme hippie meio deslocado, feito fora de sua época.
Esse dado pode explicar inclusive o fracasso retumbante de bilheteria, já que o longa-metragem fez apenas US$ 12 milhões nos EUA, depois de ter custado o triplo disso. O mercado externo, Brasil incluído, também não é muito favorável, até porque a história evoca uma mitologia tipicamente norte-americana, de interesse limitado fora do país. Uma pena, já que o filme, apesar de não ser obra-prima, tem algo a dizer.
A PlayArte pôs no mercado nacional um DVD simples e eficiente. A falta de extras é compensada pelo bom tratamento recebido pelo filme, com enquadramento original preservado (widescreen anamórfico) e som OK (Dolby Digital 5.1).
- O Novo Mundo (The New World, EUA, 2005)
Direção: Terrence Malick
Elenco: Q’Orianka Kilcher, Colin Farrel, Christian Bale, Christopher Plummer
Duração: 135 minutos

A LETRA ESCARLATE

FICHA TÉCNICA
Diretor: Roland JofféElenco: Demi Moore, Gary Oldman, Robert Duvall, Lisa Jolliff-andoh, Edward Hardwicke, Robert Prosky.
Produção: Roland Joffé, Andrew G. Vajna
Roteiro: Douglas Day Stewart, baseado em romance de Nathaniel Hawthorne
Fotografia: Alex Thomson
Trilha Sonora: John Barry
Duração: 136 min.
Ano: 1995
País: EUA
Gênero: Drama
Cor: Colorido
Distribuidora: Não definida
Estúdio: Lightmotive
Em 1666 em Massachussetts (EUA), a bela Bay Colony (Demi Moore) é casada com um médico (Robert Duvall). Mudando-se para o vilarejo antes do marido com a incumbência de providenciar um lar para o casal, ela apaixona-se por um reverendo (Gary Oldman), que retribui os sentimentos. Quando ela supõe que seu marido foi morto pelos índios, Bay se sente livre e acaba ficando grávida do reverendo. Recusando-se a dizer o nome do filho, é obrigada a usar um "A" de adúltera bordado em cores vermelhas em suas roupas, como símbolo de sua vergonha perante a sociedade local.

AS BRUXAS DE SALÉM

"The Crucible" (1996 - 112m)
SINOPSE
Um Conto Intemporal de Arthur Miller Sobre o Julgamento da Verdade.
AS BRUXAS DE SALÉM é uma obra cinematográfica crítica, intrigante e repleta de suspense protagonizada pelo vencedor de um Prémio da Academia, Daniel Day-Lewis (O Meu Pé Esquerdo, 1989) e a duas vezes nomeada para Prémio da Academia Winona Ryder (A Idade da Inocência, 1993 e Mulherzinhas, 1994). Juntos e com excelentes interpretações de todo o restante elenco, esta é a poderosa história de paixão, ciúme, paranóia, traição e o demónio trazido para a vida neste filme repleto de emoções fortes. Baseado numa das grandes peças do século vinte, As Bruxas de Salém tem lugar em 1692 no estado de Massachusetts. Numa pequena comunidade puritana onde a vida é dedicada ao serviço a Deus, algumas raparigas adolescentes são encontradas nos bosques e acusadas de fazerem o trabalho de "demónio". Enquanto o tempo passa a vila vai testemunhando mais actos de bruxaria. Uma a uma as vítimas dessa histeria em massa vêm as suas vidas e as suas famílias completamente destruídas.
REALIZADOR
Nicholas Hytner
INTÉRPRETES
Daniel Day-Lewis, Winona Ryder, Paul Scofield, Joan Allen, Bruce Davison, Rob Campbell, Jeffrey Jones, Peter Vaughan, Karron Graves, Charlayne Woodard, Frances Conroy, Elizabeth Lawrence, George Gaynes, Mary Pat Gleason, Robert Breuler, Rachael

1492- A CONQUISTA DO PARAÍSO

1492 - A Conquista do Paraíso

TÍTULO DO FILME: 1492 - A CONQUISTA DO PARAÍSO (1492: Conquest of Paradise, ESP/FRA/ING 1992) DIREÇÃO: Ridley Scott ELENCO: Gérard Depardieu, Sigourney Weaver, Armand Assante, Ângela Molina, Fernando Rey, Tcheky Kario, 150 min, Vídeo Arte.


RESUMO A viagem de Cristóvão Colombo, que acreditava ser possível atingir "el levante por el poniente", ou seja, o Oriente navegando para o Ocidente, é o cenário épico desse filme de Ridley Scott. A odisséia de Colombo está presente no filme através do cotidiano desgastante, dos motins da tripulação e de toda incerteza que cercava uma expedição daquela época quanto ao rumo e ao prosseguimento da viagem. Sem apoio financeiro de Portugal, a maior potência da época, Colombo dirigiu-se à Espanha e associou-se aos irmãos Pinzon, recebendo ainda uma ajuda dos reis católicos Fernando de Aragão e Isabel de Castela. Com uma nau (Santa Maria) e duas caravelas (Pinta e Nina), o navegador de origem controversa (genovês ou catalão) partiu do porto de Palos em 3 de agosto de 1492 fazendo escala nas ilhas Canárias para reparo de uma das embarcações. Em 12 de outubro do mesmo ano avistou a ilha de Guanani (atual São Salvador). Sem duvidar que estava no Oriente, realizou ainda mais quatro viagens, tentando encontrar os mercados indianos. O filme focaliza também espírito vanguardista de Colombo, suas negociações com a coroa espanhola e a tentativa de estabelecer colônias na América, retratando até a velhice, aquele que é considerado um dos navegantes mais ousados de sua época.
CONTEXTO HISTÓRICO A viagem de Cristóvão Colombo insere-se no cenário da expansão ultramarina liderada por Portugal e Espanha entre os séculos XV e XVI, constituindo-se em um dos principais acontecimentos na passagem da Idade Média para Idade Moderna. Assim, para compreende-la, é necessário inseri-la no quadro das transformações por que passou a Europa na Baixa Idade Média (século XII ao XV), durante transição do feudalismo para o capitalismo comercial. O desenvolvimento do comércio monetário associado à projeção da burguesia, que aliada ao rei, irá promover a formação dos Estados Nacionais, são as principais transformações estruturais para consolidação do Antigo Regime europeu. Nesse contexto a expansão marítima européia visava atingir as Índias (terra das valiosas especiarias), para atender as necessidades de ampliação dos mercados europeus afetados pela crise do século XIV ("guerra, peste e fome"), bem como, para eliminar o monopólio comercial italiano no Oriente. Com a conquista de Constantinopla pelos turcos em 1453, os preços das especiarias orientais elevaram-se bruscamente, o que incentivou ainda mais a busca de um novo caminho marítimo para as Índias.


A OUTRA


FICHA TÉCNICA
Diretor: Justin Chadwick
Elenco: Natalie Portman, Scarlett Johansson, Eric Bana, Kristin Scott Thomas, Jim Sturgess, Juno Temple, Benedict Cumberbatch, Eddie Redmayne.
Produção: Alison Owen, Scott Rudin
Roteiro: Peter Morgan , baseado no romance de Philippa Gregory
Fotografia: Kieran McGuigan
Duração: 115 min.
Ano: 2008
País: Reino Unido
Género: Drama
Cor: Colorido
Sinopse
Uma fascinante e sensual história de intriga, romance e traição. Duas irmãs, Anne (Natalie Portman) e Mary (Scarlett Johansson) Bolena conduzidas pela ambição da família, na busca pelo poder e status se envolvem em um jogo, onde o amor e a atenção do rei da Inglaterra é o objetivo. Jogadas na perigosa e excitante vida da corte, o que era para ser uma tentativa de ajuda à família, transforma-se em uma cruel rivalidade entre irmãs.
Na Inglaterra do século 16, durante o reinado de Henrique VIII (Eric Bana), duas irmãs são envolvidas pela própria família numa disputa, cujo objetivo é fazer de uma delas a amante do rei. Mary (Scarlett Johansson), a mais jovem e mais doce, acabou de se casar com o filho de um mercador. Anne (Natalie Portman), apesar de seu temperamento forte, é então escolhida para encantar o rei, numa tentativa de torná-la sua amante oficial. Mas por um acaso do destino, o rei se encanta com a timidez de Mary, o que origina um complicado jogo de sedução das imãs com o monarca.
Baseado no best seller A Irmã de Ana Bolena, de Philippa Gregory, o filme conta uma história pouco conhecida e bastante interessante. É muito bem realizado, com direção de arte e figurinos impecáveis. Traz duas excelentes jovens atrizes, com destaque maior para Portman, pela complexidade de seu papel. No entanto, como ferramenta histórica, o filme peca pela superficialidade ao tratar fatos históricos tão importantes da Inglaterra. Mas nada que uma ida a Wikipédia depois do filme não possa consertar. A Outra é, sem dúvida, um filme muito bom, com uma história fascinante que já possui quase quinhentos anos. Um ótimo retrato dos bastidores da monarquia inglesa, numa guerra de ambição e poder.

ANA DOS MIL DIAS

Ana dos Mil Dias
(Anne of the Thousand Days, 1969)
• Direção: Charles Jarrott
• Roteiro: Maxwell Anderson (peça), Bridget Boland, John Hale, Richard Sokolove (adaptação)
• Género: Drama
• Origem: Inglaterra
• Duração: 145 minutos
• Tipo: Longa-metragem
• Sinopse: A história de Ana Bolena, esposa de Henrique VIII, que foi afastada do trono, como as esposas anteriores do rei, por não conseguir gerar um herdeiro homem para o trono da Inglaterra.

DA VINCI E A RENASCENÇA


DA VINCI E A RENASCENÇA



EUA, 1987.
Encyclopaedia Britannica.
Contém 2 filmes: Leonardo da Vinci (25 min) e O Espírito da Renascença (31 min)
O primeiro filme "Leonardo da Vinci", apresenta a vida e a obra do pintor, escultor, arquiteto e inventor Leonardo da Vinci - o melhor exemplo do espírito da Renascença. O estudo mostra exemplos de seus trabalhos de arte nunca antes apresentados na tela. O segundo "O espírito da Renascença", ilustra o clima artístico e intelectual de Florença durante os séculos XIV e XV, observando de perto as cenas da vida diária de um florentino da época. As vidas de três personagens históricos - Petrarca, Alberti e Leornardo da Vinci - mostram as diversas facetas que fizeram o renascimento singular na religião, educação, descobrimentos, arte, literatura e política. A invasão da Toscana pelos exércitos franceses acaba com a Renascença. Porém, os assistentes ficam com uma dúvida desafiadora: pode o espírito de uma época acabar?

quinta-feira, 29 de março de 2012

TRÁFICO NEGREIRO


É chamado de Tráfico negreiro o envio arbitrário de negros africanos na condição de escravos para as Américas e outras colônias de países europeus durante o período caracterizado como colonialista.
Durante a Idade Moderna, primordialmente depois que se descobriu a América, in- tensificou-se o comércio escravo, sem qualquer limite quanto à crueldade praticada, visava-se somente o lucro que se obteria com a venda de homens, mulheres e crianças vindas direto da África para as Américas.
A escravidão ocorre desde a origem de nossa história, quando os povos que eram derrotados em combates entre exércitos ou armadas eram aprisionados e transformados em escravos por seus dominadores. O povo hebreu é um exemplo disso, foram comercializados como escravos desde os primórdios da História. Os escravos eram usados nos trabalhos mais pesados e toscos que se pode imaginar.
A explicação encontrada para o uso da mão-de-obra escrava fazia alusão a questões religiosas e morais e à suposta preeminência racial e cultural dos europeus.
Os portugueses já utilizavam o negro como escravo desde o ano de 1432, trazido pelo português Gil Eane, utilizando-os nas ilhas da Madeira, de Açores e Cabo Verde, anteriormente à efetivação da colonização brasileira.
No Brasil a escravidão passou a ser utilizada na primeira metade do século XVI, devido à produção de açúcar. Os portugueses transportavam os negros oriundos da África para serem usados como mão-de-obra escrava nos moinhos de cana-de-açúcar do Nordeste.
Os africanos aprisionados pelos portugueses quando aqui chegavam eram cedidos por um determinado preço, como se fossem uma mercadoria qualquer. Os que tinham uma saúde mais perfeita chegavam a ser comercializados pelo dobro do valor em comparação aos velhos e fracos.
A tarvessia do continente africano para o Brasil era feita nos porões dos navios negreiros, com os negros empilhados da maneira mais insalubre e desumana possível, sendo que muitos deles nem sequer chegavam vivos, tendo seus corpos atirados ao mar.
Nas fazendas açucareiras os escravos trabalhavam de sol a sol, recebendo para vestir apenas um pedaço de pano ou qualquer peça de vestuário velha, dormiam nas senzalas – barracões escuros, úmidos e com quase nenhuma higiene –, acorrentados para não fugirem.
Os castigos eram freqüentes, sendo o chicote a punição mais utilizada no Brasil colônia. Aos negros era vedado o direito de exercer sua religião de ascendência africana e manter a sua cultura – festas e rituais africanos eram terminantemente proibidos –, eram obrigados a professar a religião católica, determinação dos senhores de engenho, e a comunicar-se utilizando a língua portuguesa.
Apesar das proibições, os negros, ocultamente, realizavam seus rituais e suas festas; foi neste período que se desenvolveu um tipo de luta que ficou muito conhecida aqui no Brasil: a capoeira. Eles também desenvolveram o candomblé, a umbanda, e outras religiões, nas quais ritos africanos eram mesclados a elementos do catolicismo, dando origem ao famoso sincretismo religioso brasileiro.
O negro não aceitou a escravidão pacificamente, as agitações ocorriam quase regularmente nas fazendas, escravos em bandos fugiam, criando nas florestas os célebres quilombos – lugares aonde habitavam apenas escravos fugitivos – ali viviam em liberdade para realizar seus rituais, suas festas e também para falar sua própria língua. O quilombo mais importante foi o de Palmares, cujo líder foi Zumbi.
Em 1850 foi aprovada a Lei Eusébio de Queiroz, a qual punha um fim ao comércio negreiro; em 28 de setembro de 1871 foi sancionada a Lei do Ventre Livre, concedendo liberdade aos filhos de escravos que nascessem a partir daquele momento. Finalmente, no ano de 1885, foi anunciada a Lei dos Sexagenários, que contemplava com a liberdade os escravos com mais de 60 anos.
Foi só no final do século XIX que definitivamente a escravidão, a nível mundial, foi abolida de vez do quadro negro da história. No Brasil a Abolição só se deu no dia 13 de maio de 1888, com o anúncio público e oficial da Lei Áurea, assinada pela Princesa Isabel.

CINE HISTÓRIA : A MISSÃO:

TÍTULO DO FILME: A MISSÃO (The Mission, ING 1986)
DIREÇÃO: Roland Joffé
ELENCO: Robert de Niro, Jeremy Irons, Lian Neeson, 121 min., Flashstar
RESUMO
No século XVIII, na América do Sul, um violento mercador de escravos indígenas, arrependido pelo assassinato de seu irmão, realiza uma auto-penitência e acaba se convertendo como missionário jesuíta em Sete Povos das Missões, região da América do Sul reivindicada por portugueses e espanhóis, e que será palco das "Guerras Guaraníticas.
Palma de Ouro em Cannes e Oscar de fotografia.
CONTEXTO HISTÓRICO
Ao longo dos séculos XVI e XVII várias missões católicas foram criadas pelos jesuítas na América do Sul. Surgidas no século XIII, com as ordens mendicantes, esse trabalho de evangelização e catequese, desenvolveu-se principalmente nos séculos XV e XVI, no contexto da expansão marítima européia.
Embora tivessem como objetivo a difusão da fé e a conversão dos nativos, as missões acabaram como mais um instrumento do colonialismo, onde em troca do apoio político da Igreja, o Estado se responsabilizava pelo envio e manutenção dos missionários, pela construção de igrejas, além da proteção aos cristãos. Na análise de Darcy Ribeiro em "As Américas e a Civilização", as missões caracterizaram-se como "a tentativa mais bem sucedida da Igreja Católica para cristianizar e assegurar um refúgio às populações indígenas, ameaçadas de absorção ou escravização pelos diversos núcleos de descendentes de povoadores europeus, para organizá-las em novas bases, capazes de garantir sua subsistência e seu progresso".
Durante o século XVIII o movimento missionário enfrentou problemas na América do Sul, em áreas de litígio entre o colonialismo espanhol e português. No sul do Brasil, a população indígena dos Sete Povos das Missões, foi submetida pelo Tratado de Madrid (1750), um dos principais "tratados de limites" assinados por Portugal e Espanha para definir as áreas colonizadas.
Pelo Tratado de Madrid, ficava estabelecida a transferência dos nativos para margem ocidental do rio Uruguai, o que representaria para os guaranis a destruição do trabalho de muitas gerações e a deportação de mais de 30 mil pessoas. A decisão foi tomada em comum acordo entre Portugal, Espanha e a própria Igreja Católica, que enviou emissários para impor a obediência aos nativos. Os jesuítas ficaram numa situação delicadíssima, pois se apoiassem os indígenas seriam considerados rebeldes, e se contrário, perderiam a confiança deles. Alguns permaneceram ao lado da coroa, mas outros, como o padre Lourenço Balda da missão de São Miguel, deram todo apoio aos nativos, organizando a resistência desses índios à ocupação de suas terras e à escravização. Dá-se o nome de "Guerras Guaraníticas" para esse verdadeiro massacre dos nativos e seus amigos jesuítas por soldados de Portugal e Espanha. Apesar da absurda inferioridade militar, a resistência indígena estendeu-se até 1767, graças as táticas desenvolvidas e as lideranças de Sépé Tirayu e Nicolau Languiru.
No final do século XVIII, os índios já tinham sido dispersados, escravizados, ou ainda estavam refugiados, na tentativa de restabelecer a vida tribal, que os caracterizava antes das missões.

quarta-feira, 28 de março de 2012

CONCEITOS: MÓDULO 3: UNIDADE 5: AS NOVAS REPRESENTAÇÕES DA HUMANIDADE

RACISMO: Designação que tem vindo a ser considerada um “sentimento de superioridade de uma raça em relação a outra(s)”. Na atualidade, defende-se que na espécie Homo Sapiens Sapiens - espécie humana – praticamente não há diferenciação genética. Do ponto de vista da Biologia, raça é um conceito pouco usado e é sinónimo de subespécie.
DIREITOS HUMANOS: Privilégios que pertencem a todo o ser humano pelo simples facto de ter nascido e que não devem ser violados de forma alguma. Incluem-se, nestes direitos, o direito à vida e à liberdade, à liberdade de crenças e de opinião, etc.

CONCEITOS: MÓDULO 3: UNIDADE 4: A RENOVAÇÃO DA ESPIRITUALIDADE E RELIGIOSIDADE

HERESIA: Doutrina que contradiz ou interpreta diferentemente as verdades doutrinárias da Igreja Católica.
REFORMA: Movimento religioso do século XVI, iniciado por Lutero, que se traduziu na contestação à autoridade do Papa de Roma e na reformulação de certos dogmas e princípios doutrinais e de culto do Cristianismo, dando origem a novas igrejas.
SACRAMENTO: Sinal sensível instituído por Deus para dar ao Homem a sua graça ou aumentá-la.
RITO: Conjunto de cerimónias prescritas para a celebração de um culto.
DOGMA: Ponto fundamental de uma doutrina; verdade religiosa instituída por decisão de um concílio e tornada irrefutável.
PREDESTINAÇÃO: Doutrina que acredita que a “salvação das almas” depende do desígnio (=vontade) de Deus, estabelecido ainda antes do seu nascimento.
CONCÍLIO: Assembleia de prelados com vista à deliberação sobre assuntos da Igreja, dogmáticos, doutrinários ou disciplinares.
CATECISMO: Livro de instrução religiosa no qual, através de perguntas e respostas, se ensinam os princípios da Fé cristã.
SEMINÁRIO: Estabelecimento escolar onde se formam os padres da Igreja Católica.
PROSELITISMO: Ação de propaganda ideológica destinada a cativar novos adeptos para uma religião ou doutrina.
MISSIONAÇÃO: Ato de converter pessoas a uma religião ou doutrina; pregar, catequizar.
ÍNDEX: Catálogo dos livros e de outras publicações, cuja leitura era proibida pela Igreja Católica.
INQUISIÇÃO: Tribunal fundado pelo Papado, no século XIII, com o objetivo de investigar e julgar os que não aceitavam as doutrinas da Igreja (hereges).
No século XVI, a Inquisição foi restaurada para julgar e condenar os adeptos do Protestantismo. Em Portugal, as vítimas da Inquisição foram, sobretudo, os cristãos-novos.

CONCEITOS: MÓDULO 3: UNIDADE 3: A PRODUÇÃO CULTURAL

INTELECTUAL: Pessoa de cultura e de gosto pelas coisas do intelecto, isto é, da inteligência e do espírito.
CIVILIDADE: Conjunto de regras de comportamento social que o indivíduo deve respeitar na vida pública ou cívica, Regras de convivência social.
HUMANISTA: Homem de saber e cultura (geralmente eclesiástico ou professor) do século XVI que se inspira na cultura da Antiguidade Clássica, que reinterpreta à luz da Razão e do espírito crítico do seu tempo.
ANTROPOCENTRISMO: Conceção filosófica e pragmática que coloca o Homem no centro do universo, considerando-o o ser mais perfeito da Criação, capaz de criar e transformar as coisas.
UTOPIA: Etimologicamente, deriva do grego e significa “em lugar nenhum”.
Na obra com este título- Utopia-, Thomas More descreve uma sociedade que vive numa ilha imaginária e que pusera em prática um Estado ideal, de inspiração humanista.
CLASSICISMO: Movimento cultural, literário e artístico, que se inspira diretamente nos modelos e valores da Antiguidade Clássica, grega e romana.
Desenvolveu-se na Europa nos séculos XV e XVI.
MODULADO: Diz-se da arquitetura que aplica um módulo, ou seja, uma medida padrão, para criar proporções harmoniosas entre todas as partes de uma construção.
PERSPETIVA: Processo ou técnica para conseguir a representação de espaços e corpos tridimensionais numa superfície plana.
NATURALISMO: Teoria filosófica e estética que defendeu a imitação da Natureza.
PLATERESCO: Estilo decorativo que se desenvolveu em Espanha no mesmo período do manuelino em Portugal e que se caracteriza pelo elaborado e pormenorizado trabalho da pedra, à maneira dos ourives da prata.
MANUELINO: Estilo arquitetónico de decoração que se desenvolveu em Portugal entre finais do século XV e meados do século XVI, caracterizado por uma gramática decorativa de inspiração marinha e vegetalista, misturada com motivos de heráldica régia e símbolos da exaltação do poder português.

CONCEITOS: MÓDULO 3: UNIDADE 2: O ALARGAMENTO DO CONHECIMENTO DO MUNDO

NAVEGAÇÃO ASTRONÓMICA: Técnica de orientação em mar alto, que utiliza como referência a medição da altura dos astros no firmamento (de dia, as declinações solares; de noite, as das estrelas mais visíveis, como a Estrela Polar no hemisfério norte e o Cruzeiro do Sul, no hemisfério sul).
CARTOGRAFIA: Ciência (e arte) de fazer mapas: representação gráfica, bidimensional e convencional de toda ou de parte da superfície da Terra, anotando contornos e relevos.
EXPERIENCIALISMO: Processo de conhecimento que valoriza as experiências vividas (conhecimento empírico) e as regras do bom senso, sobre a reflexão e a racionalização puramente teóricas.
MENTALIDADE QUANTITATIVA: Forma de pensar e de agir influenciada pela ideia da quantidade e do número. Aparece ligada ao desenvolvimento comercial e científico de finais da Idade Média europeia.
REVOLUÇÃO COPERNICIANA: Alteração das conceções cosmológicas dos Europeus a partir das teses de Copérnico, que defendiam uma conceção cosmológica heliocêntrica, e não geocêntrica como afirmava a cosmografia de Ptolomeu, tradicionalmente aceite.

CONCEITOS: MÓDULO 3: UNIDADE 1: A GEOGRAFIA CULTURAL EUROPEIA DE QUATROCENTOS E QUINHENTOS

ÉPOCA MODERNA: Período cronológico da História da Humanidade que se situa entre meados do século XV e finais do século XIII. Nele decorreram as descobertas marítimas e o encontro de povos, o triunfo do capitalismo comercial e a ascensão da burguesia, o absolutismo régio, o Renascimento, a Reforma, a afirmação do espírito científico.

RENASCIMENTO: Movimento cultural e artístico que ocorreu na Europa durante os séculos XV e XVI, e que teve a sua principal fonte de inspiração no mundo clássico, greco-latino, e nos movimentos de expansão geográfica e comercial dos finais da Idade Média ocidental. Caracterizou-se pela crença no valor do Homem e na racionalidade, por uma filosofia humanista e pragmática; pela adoção de novos cânones estéticos e artísticos; pela mentalidade quantitativa e pela curiosidade acerca da Natureza e das ciências.
HUMANISMO: Movimento cultural que surgiu em Itália no século XV e se espalhou por toda a Europa. Produziu-se durante o Renascimento, entre os intelectuais, por reação contra o pensamento medieval e escolástico, e por um regresso às fontes de inspiração da Antiguidade Clássica. Este movimento consistiu fundamentalmente na redescoberta, reinterpretação e edição dos escritores clássicos, gregos e latinos, e na valorização do Homem e da sua personalidade.
ESCOLÁSTICA: Sistema filosófico, em vigor a partir de S. Tomás Aquino (1224-1274), que procurava adaptar a filosofia aristotélica ao dogma cristão, de modo a harmonizar a Razão e a Fé.
RACIONALISMO: Doutrina que afirma a primazia da Razão como fonte de acesso ao conhecimento e à verdade.
INDIVIDUALISMO: Corrente doutrinal e prática que sobrevaloriza o indivíduo e o seu papel na construção das sociedades e da História.

domingo, 11 de março de 2012

PINTURA: PAINÉIS DE S. VICENTE DE FORA

Painéis de S. Vicente de Fora
Painéis de S. Vicente de Fora
Obra absolutamente excecional no Portugal quatrocentista, parece não ter tido precedente no panorama pictórico do gótico europeu, nem, tão-pouco, imediata consequência. O seu autor, tudo indica que seja Nuno Gonçalves.
A obra de Nuno Gonçalves encontra no Políptico dito de S. Vicente de Fora (c. 1470) - geralmente designado por Painéis de S. Vicente -, um dos momentos exponenciais da pintura quatrocentista portuguesa.
Descobertos em 1882 no Mosteiro de S. Vicente de Fora, os Painéis estão atualmente no Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa, dispostos em forma de políptico horizontal que integra sessenta figuras em tamanho quase natural, ocupando toda a superfície de seis tábuas (da esquerda para a direita: painéis ditos dos Frades, dos Pescadores, do Infante, do Arcebispo, dos Cavaleiros e da Relíquia). A identidade dos representados continua a suscitar acesa polémica iconográfica, sendo, no entanto, certo que esta galeria coletiva de retratos procurou plasmar os grandes vultos da corte de D. Afonso V, envolvido no processo das Descobertas marítimas e na expansão no Magrebe.A partir da publicação do livro de José de Figueiredo
O Pintor Nuno Gonçalves (1910), que identifica os painéis como a Adoração a S. Vicente, o qual é representado pela dupla figura de diácono que centra as duas tábuas maiores, multiplicam-se as teses respeitantes à iconografia representada.
A polémica irá ser, no entanto, sintetizada em torno de duas propostas: a tese vicentina e a fernandina, da autoria de José Saraiva (1925), que identifica a figura central com o Infante Santo D. Fernando. Hoje parece-nos plausível e lógico, quer pela notícia do pintor ter executado uma obra para o altar de S. Vicente da Sé de Lisboa, quer pelas referências a um monumental políptico dedicado a S. Vicente, quer ainda por elementos simbólicos da própria pintura, designar a figura central como sendo S. Vicente. Também importante é o aspeto técnico da pintura aplicada em suporte de madeira, que acusa uma realização plástica vigorosa e segura, não diferindo materialmente das técnicas tradicionalmente utilizadas em Portugal, pouco tendo de comum com as de outras regiões, nomeadamente da Flandres.
Nuno Gonçalves, que o quinhentista Francisco de Holanda colocou entre os mais famosos pintores, ao enumerar as Águias da arte da Pintura europeia, consubstanciou nos Painéis uma das mais brilhantes obras da pintura portuguesa de todos os tempos. Apesar das possíveis influências flamengas e italianas que lhe são atribuíveis, perpassa por esta obra uma individualidade própria dos grandes génios, afirmando-se com um carácter específico.
Consegue mesmo libertar-se do peso da tradição flamenga reagindo contra a cópia gratuita da arte italiana, pois as sessenta figuras têm uma forma e uma individualização absolutamente surpreendentes - cada um representa um ser humano cuja personalidade se encontra bem definida, dotada de sentimentos próprios, afastando-se assim de uma mera figuração ideal.
Retirando da representação pictórica tudo o que tem um carácter eminentemente acessório, centra-se na intensidade de cada personagem, cujo olhar, um pouco distante, transporta para o seu âmago o objeto da própria pintura.
 No rigor do retrato alia simultaneamente o realismo e o sentimento, numa pintura que se diria silenciosa mas de forma alguma muda. Estamos já em presença de uma obra singularmente avançada em termos pré-renascentistas, que se afasta decididamente dos limites inventivos e estruturais do mundo gótico. A luz detém um papel de molduração escultórica das figuras cuja volumetria as dispõe hierarquicamente em torno da figura central, num jogo absolutamente equilibrado de correspondências e carregado de simbolismo iconográfico.
Obra de cariz devocional, consagra diante do nosso olhar a sociedade portuguesa, na sua vertente sagrada e profana, ao procurar representar amplos setores sociais.
Todo este friso de homens obedece a um movimento geral de orientação em direção à figura do santo, mas pelo conjunto perpassa um grau único de coerência, do qual emana equilíbrio, simetria, verticalidade e volume monumental.

PINTURA: NUNO GONÇALVES

Nuno Gonçalves
Ffoi um pintor português do século XV
O pintor Nuno Gonçalves foi, durante a segunda metade do século XV, a figura tutelar do panorama pictórico português. Nada se conhece acerca da sua formação artística. Foi chefe de uma oficina e a existência de alguns documentos tornou possível identificar passos fundamentais da sua trajetória e balizar a sua vida entre as datas aproximadas de 1425 e 1491.
A primeira referência documental recolhida data de 20 de julho de 1450, altura em foi contratado como pintor régio de D. Afonso V. Em 1452, o rei aumenta-lhe a tença e, em 1463, através de uma escritura de aforamento de umas casas, atesta-se a sua permanência na capital.
 Em 5 de agosto de 1470 é-lhe passada uma carta de quitação do pagamento do Retábulo da Capela do Paço de Sintra que o refere como pintor cavaleiro da Casa Real (dado não ser um cavaleiro de estirpe, a honraria concedida por D. Afonso V será justificável à luz da categoria manifestada pela sua obra). Cerca de um ano depois (12 de abril de 1471), o pintor recebe o encargo de substituir João Eanes nas obras da cidade de Lisboa, consoante determinação régia.
O último documento que se conhece referente ao artista data de 1492 e menciona-o a título póstumo.A sua obra mais apreciada, e uma das mais notáveis realizações artísticas do Renascimento, são os Painéis de S. Vicente de Fora, políptico no qual Nuno Gonçalves oferece um belíssimo panorama da sociedade do seu tempo, retratando um conjunto de sessenta figuras em tamanho quase real.Autor de uma obra que revelou o sentido do indivíduo surpreendendo-o na força da sua interioridade, Nuno Gonçalves ainda hoje suscita opiniões controversas que, por isso mesmo, não deixam de reafirmar a sua notável modernidade.