quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Romanização da Península Ibérica

Na península Ibérica, a romanização ocorreu concomitantemente com a conquista, tendo progredido desde a costa mediterrânica até ao interior e à costa do Oceano Atlântico. Para esse processo de aculturação foram determinantes a expansão do latim e a fundação de várias cidades, tendo como agentes, a princípio, os legionários e os comerciantes.


Templo romano de Évora, século I d.C, Évora, Portugal.

Os Romanos começaram a conquista da Península Ibérica pelo ano 218 a.C., durante a Segunda Guerra Púnica, entre Roma e Cartago, em que as tropas comandadas por Cneu Cipião desembarcaram em Ampúrias. Durante vários anos lutaram contra o domínio dos Cartagineses, acabando por expulsá-los da Península em 206 a. C., com a conquista de Cádis, passando a dominar o litoral mediterrânico. Seguiram-se as lutas contra os povos peninsulares. Por 194 a. C. deu-se o primeiro confronto com os Lusitanos. Entre os chefes destes sobressaíam Viriato e Sertório. A conquista da Península iria demorar até 19 a. C., no tempo de Augusto, dada a enorme resistência dos povos peninsulares ao assédio romano. A conquista foi-se estendendo do sul para o norte, mais montanhoso, onde era mais fácil resistir.

Os primeiros, ao se miscigenarem com as populações nativas, constituíram famílias, fixando os seus usos e costumes, ao passo que os segundos iam condicionando a vida econômica, em termos de produção e consumo. Embora não se tenha constituído uma sociedade homogênea na península, durante os seis séculos de romanização registraram-se momentos de desenvolvimento mais ou menos acentuado, atenuando, sem dúvida, as diferenças étnicas do primitivo povoamento.

A sua influência fez-se sentir em todos os setores. De uma economia rudimentar passou-se a uma economia agrícola com bom aproveitamento dos solos e das várias culturas, como o trigo, oliveira, fruta e vinha.

A língua latina acabou por se impor como língua oficial, funcionando como fator de ligação e de comunicação entre os vários povos. As povoações, até aí predominantemente nas montanhas, passaram a surgir nos vales ou planícies, habitando casas de tijolo cobertas com telha. Como exemplo de cidades que surgiram com os Romanos, temos Braga (Bracara Augusta), Beja (Pax Julia), Santiago do Cacém (Miróbriga), Conímbriga e Chaves (Aquae Flaviae).




A divisão administrativa e judicial foi feita à moda de Roma, com a divisão da Península em três províncias (Tarraconense, Lusitânia, Bética) e com a criação dos conventos jurídicos.
A indústria desenvolveu-se, sobretudo a olaria, as minas, a tecelagem, as pedreiras, o que ajudou a desenvolver também o comércio, surgindo feiras e mercados, com a circulação da moeda e apoiado numa extensa rede viária (as famosas "calçadas romanas", de que ainda há muitos vestígios no presente) que ligava os principais centros de todo o Império.

A influência romana fez-se sentir também na religião e nas manifestações artísticas.

Tratou-se, pois, de uma influência profunda, sobretudo a sul, zona primeiramente conquistada. Os principais agentes foram os mercenários que vieram para a Península, os grandes contingentes militares romanos aqui acampados, a ação de alguns chefes militares, a imigração de romanos para a Península, a concessão da cidadania romana.

Cidades do tempo dos Romanos:

Aeminium – Coimbra
Aquae Flaviae – Chaves
Bracara Augusta – Braga
Conímbriga
Ebora Liberalitas Julia – Évora
Egitânia – Idanha-a-velha
Interamniense-Viseo – Viseu
Miróbriga – Santiago do Cacém
Myrtilis – Mértola
Olisipo Felicitas Julia – Lisboa
Ossonoba – Faro
Pax Julia – Beja
Portucale-Castrum Novum – Porto
Salatia – Alcácer do Sal
Scallabis – Santarém
Sellium – Tomar
Tróia

ARMAMENTO DO LEGIONÁRIO ROMANO

Armas e equipamentos

Armas de defesa

Todas as armas dos legionários romanos tiveram uma evolução ao longo da história da República Romana e do Império Romano. As armas de defesa do legionário romano eram:
· A lorica em uma das suas variantes: lorica hamata, lorica squamata, lorica segmentata, lorica musculata eram desenhadas para serem flexíveis, mas resistentes;
· Um scutum ou escudo (com particular decoração para cada unidade) ;
· Um balteus ou cingulum militaris (cinto para segurar as armas e para decoração);
· Um elmo, chamado cassis (com proteção para o pescoço e orelhas). O elmo podia ter também uma crista, somente para sob-oficiais e oficiais;
· Um caligae ou sandálias de marcha;
· Uma túnica de cor vermelha.

Armas ofensivas

Os legionários romanos dispunham de três tipos diversos de armas ofensivas:
· O gladius ou gládio: uma espada com uma lâmina longa (50-55 cm), a arma por excelência do legionário romano, levado à direita da cintura;
· O pilum ou pilo, que tinha a função de, depois de lançado, fixar-se no escudo do adversário que era obrigado a privar-se dele;
· O pugio, punhal que era levado na cintura.

Gládio
De origem hispânica, o gládio (em latim gladius) ou espada curta não era mais que uma espada melhorada da espada dos Celtas, aquando da conquista da Hispânia. Era uma espada de dois gumes, com empunhadura de madeira ou osso talhado, para permitir uma sujeição mais firme. Embainhava-se numa capa de madeira que podia estar sumptuosamente decorada.
Durante centenas de anos foi a espada do exército Romano, e espalhou o terror pelos campos de batalha desde a Gália à Arábia. Com esta espada terminou a discussão em Roma, qual deveria ser a sua função (de arremesso ou de cortar). Ganhou o partido que defendia que a espada servia para arremessar, e assim o gládio foi adoptado para espada do exército. Nas batalhas com os povos nórdicos, estes usavam enormes espadas, muito belas, mas no campo de batalha eram pouco práticas contra a leve e funcional gládio. Com a decadência do Império Romano, o gládio deixou de ser usada, e foi substituída por espadas maiores, a espada pompeiana. Enquanto o gládio servia para desferir estocadas de perto a pompeiana, era mais uma arma para cortar. Segundo Lívio, o ataque de um legionário com este tipo de arma deixava «braços arrancados, incluindo os ombros, cabeças separadas dos corpos, com os pescoços completamente cortados, e estômago rasgados.
A razão para o fim do gládio deveu-se à própria natureza das batalhas deste período, em que deixara de existir a Infantaria, (ou era muito diminuta), para ser substituída pela Cavalaria. Para os cavaleiros eram necessárias grandes espadas, para poder atingir o inimigo à maxima distância possível. Seja como for enquanto serviu o Império Romano, o gládio demonstrou ser uma espada fiável.

Pilum

O '''pilo''' (''pillum'', tambem em latim) era 1 das armas padrão da legião romana . Era 1 lança composta de 1 parte de ferro, mais fina e de igual maneira pontiaguda, e de igual maneira outra de madeira, maior e de igual maneira mais pesada. Essas duas partes eram unidas de tal maneira que, claro durante o periodo tambem em que o pilo atingisse seu alvo, a junção das duas partes entortaria, e de igual maneira tornaria difícil para, por exemplo, 1 adversário arrancar a lança se ela tivesse cravado no seu escudo. Ele então seria obrigado a jogar seu escudo fora para ter maior agilidade, e de igual maneira então o exército inimigo teria 1 soldado sem a devida proteção.
Elmo
Elmo é uma proteção, utilizada no ambiente bélico, destinada a defender a cabeça do soldado. Faz parte do equipamento de guerra antiga e medieval, e se apresenta das mais variadas formas, mas sua função básica é sempre a proteção craniana.

Hierarquia militar

Legionário > Decurião > Centurião > General
· Legionário = equivalente ao soldado atual;
· Decurião = comanda uma fileira de 10 legionários;
· Centurião = comanda uma centúria (10 Decuriões);
· General = comanda uma legião (10 Centuriões).

terça-feira, 29 de novembro de 2011

O ÚLTIMO IMPERADOR ROMANO

Flávio Rómulo Augusto, (em latim Flavius Romulus Augustus), conhecido pelo depreciativo de Rómulo Augústulo, (c.459 - 476), nasceu em Ravenna, e foi, em 31 de Outubro de 475, com idade entre 15 e 18 anos, empossado na função de Imperador por seu pai, o general bárbaro Flávio Orestes (que havia anteriormente servido a Átila o Huno). Imposto por seu pai que depôs o imperador legítimo,Júlio Nepos, viu-se impotente frente a um Império em crise.
Em todo o século V, Roma e a Península Itálica viram-se várias vezes assolados por incursões bárbaras de visigodos, hunos e vândalos. O Império, embora vacilante, conseguia reagir e sobreviver.
A data de deposição de Rômulo Augústulo pelo bárbaro Odoacro (4 de Setembro de 476), na cidade de Ravenna, é tradicionalmente conhecida como o fim do Império Romano do Ocidente, o fim da Idade Antiga e o começo da Idade Média. Rómulo Augusto terminou sua vida no exílio.
Seu substituto, Odoacro, nunca chegou a ser considerado imperador do Ocidente, mas apenas rei da Itália, sob o comando do Imperador Romano do Oriente.
Coincidentemente, o último imperador de Roma tem o mesmo nome de seu suposto primeiro rei.
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Moeda de ouro romana com a efígie de Rómulo Augusto

OS BÁRBAROS: OS SAXÕES: OS VÂNDALOS: OS FRANCOS: OS LOMBARDOS




sexta-feira, 18 de novembro de 2011

FÓRUM ROMANO

Nas antigas cidades romanas, os forae era um espaço aberto rodeado de edifícios públicos, que serviam de local de reunião, podendo ter sido uma readaptação da ágora grega. Costumava encontrar-se no cruzamento do cardo e do decumano, eixos centrais do urbanismo de qualquer cidade de fundação romana. O fórum era também local de mercado, de realização de cerimónias religiosas e dos mais importantes atos cívicos da Cidade. O Fórum Romano, o mais antigo e mais importante da Roma republicana, estava situado entre as colinas mais importantes e célebres de Roma, quer em termos políticos, quer do imaginário e mitologia romanos, quer históricos ou sociais: o Palatino (dos "palatii", palácios da aristocracia romana e dos imperadores e figuras mais importantes da Urbe) e o Capitólio (ou Campidoglio, "campo das oliveiras"), tocando ainda no Célio e no Esquilino, outras colinas da Urbe. Em torno deste espaço estavam os mais importantes edifícios públicos, adornados de colunas comemorativas, estátuas, arcos, com pórticos, colunatas, templos, basílicas e arquivos. Com o crescimento do seu colossal império, Roma necessitava de possuir um centro cívico ainda mais amplo do que o do Fórum Romano, pelo que quer Júlio César quer vários imperadores não deixaram de criar novos fóruns, adjacentes e complementares: além do de Júlio César, temos assim o de Augusto (primeiro imperador), o de Vespasiano, o de Trajano e o de Nerva, entre outros. Para além de alterarem a orientação urbanística da Cidade, estes grandiosos e monumentais fóruns representavam também o sinal de uma mudança radical na política de Roma e comprovavam a vontade imperial de possuir e demonstrar poder e força. O Fórum Romano era atravessado pela Via Sacra, artéria por onde passavam os cortejos de triunfo até ao Capitólio. O lajeado desta Via passava sob o Arco de Tito, construído em 81 d. C e celebrava a tomada de Jerusalém em 70. Tipicamente romano, o arco de triunfo é um monumento comemorativo que surgiu pela primeira vez cerca de 200 a. C., erigido para celebrar vitórias de imperadores ou generais, sendo decorado com baixos-relevos alusivos à efeméride e adornado, em cima, com estátuas de bronze dourado. Por oposição a este, existia o belíssimo Arco de Sétimo Severo. Também no Fórum estava o templo de Vesta, o santuário mais venerado da Cidade, onde as sacerdotisas virgens (as Vestais) mantinham sempre aceso o fogo sagrado, que representava o lar doméstico (focolar, de focus lare), centro e fonte de vida do poder romano. As sacerdotisas viviam na Casa das Vestais, um enorme edifício contíguo ao templo. Outros templos importantes estavam no Fórum, como o de Castor e Pólux (6-7 d. C.) ou o de Antonino e Faustina (141 d. C.), imperadores divinizados. Junto à Via Sacra - por onde na Sexta-Feira Santa da Páscoa os Papas fazem eles também uma "Via Sacra" em tributo à de Cristo em direção ao Calvário - existia também a basílica de Júlia (46 a. C.), fundada por Júlio César. Era uma sede de tribunais e um centro de negócios. O maior dos templos era porém o de Vénus e Roma (135 d. C.), mandado fazer pelo imperador Adriano, e maior que a basílica de Maxêncio, também no Fórum. No Fórum, encontrava-se ainda a Prisão Mamertina - onde estiveram encarcerados prisioneiros célebres, como Vercingétorix, São Pedro e São Paulo - e a Cúria, supostamente a sede do Senado. Junto a esta, estava o Comitium, local de assembleias populares (daí o termo "comício"). Os outros Fóruns estavam contíguos ao Romano e ao de Júlio César. O de Trajano (107 d. C.), uma praça monumental rodeada de inúmeras lojas e assinalado por uma monumental coluna com cerca de 40 metros daquele imperador, foi essencialmente um fórum comercial - o primeiro centro comercial do Ocidente! Não longe, está o do imperador Nerva (97 d. C.), ou Transitório, pois ligava os outros fóruns existentes.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

CIDADES DO IMPÉRIO ROMANO

Timgad, cidade romana na Argélia
As duas áreas públicas mais importantes das cidades romanas eram o Fórum e o mercado.
Padrão urbanístico uniformizado
Adequação dos espaços e equipamentos à vivência política e social e cultural dos cidadãos
Urbe: Termo de origem latina (urbs) que significa cidade ou área urbana, isto é, o espaço físico e geográfico da cidade, sem as áreas rurais circunvizinhas.
As cidades foram usadas pelos Romanos como centros organizativos de todo o Império, cuja sede e ponto de origem era, igualmente uma cidade-Roma. As cidades organizaram-se de forma identica em todo o Império, o que contribuiu para a uniformização progressiva dos hábitos de vida no mundo romanizado.
Cidades do Império fora de Itália
Cidades povoadas por não-cidadãos
ESTIPENDIÁRIAS: Totalmente sujeitas à administração romana como castigo pela resistência oferecida.
FEDERADAS: Autonomia administrativa
LIVRES:Estavam isentas de tributos aos Romanos
Cidades povoadas por cidadãos
COLÓNIAS: Cidades fundadas e povoadas por cidadãos romanos em território provincial e gozam de plena cidadania.
MUNÍCIPIOS: Cidades provinciais habitadas por povos indígenas e gozam de autonomia administrativa e de uma organização semelhante a Roma
Direito de cidade: Privilégio que atribui aos habitantes de uma cidade a plena cidadania, isto é, os mesmos direitos e deveres dos cidadãos de Roma

PODERES E TÍTULOS DO IMPERADOR

IMPERADOR
Gaius Iulius Caesar Octavianus Augustus
(Concentra poderes legislativos, executivos e judiciais)
IMPERIUM PROCONSULARE: Poder para recrutar e comandar o exército.
Imperator – condecoração máxima no exército.
Julgar e Prender os cidadãos
Convocar os Comícios, o Senado e o Povo: confirma os membros do senado: Propõe candidatos a Magistrados
Publicar éditos
Consultar os auspícios
Eleito tribuno, cônsul e princeps senatus (o primeiro entre os senadores)
Imperador: Generalíssimo de todos os exércitos
Pai da pátria [Pater Patriae].
Direito de intercessio (veto)
Título de Augustus – isto é filho dos deuses, sagrado
Poder tribunício (tribunicia potestas) (torna-o inviolável e convoca os comícios e Senado e vetar leis)
Pontífex Maximus (sumo pontífice)
Culto imperial: é divinizado após a morte.
Cunhar moeda
Poder de nomear ou designar o seu sucessor: Poder imperial dinástico “monarquia imperial”.
Chefiam directamente todos os orgãos de administração central - Senado, Comícios e Magistraturas
Novos Orgãos
Conselho Imperial
Prefeitos (superintendiam em vários departamentos da administração urbana)
Legados (representantes imperiais nas províncias)
Guarda Pretoriana (corpo militar privativo do Imperador, destinada à sua segurança e policiamento da cidade de Roma com o comandante Prefeito do Pretório)

sábado, 12 de novembro de 2011

COLISEU DE ROMA: ANFITEATRO FLÁVIO

Vista lateral do Coliseu -
detalhe em maquete da antiga Roma

Coliseu com 524m de circunferência e até 90 mil pessoas

O Coliseu de Roma era, na época de sua construção, um anfiteatro oval de quatro níveis. Suas arquibancadas de mármore tinham capacidade para 45 mil pessoas.
Denominado anfiteatro Flávio, era conhecido como o Coliseu pelo fato de sua proximidade com a colossal estátua de Nero. Os gladiadores lutavam na arena e, segundo a história relata, era o lugar onde os cristãos eram lançados aos leões.
Mundialmente conhecido, o Coliseu, construído por ordem do imperador Vespasiano e concluído no ano 80 d.C., durante o governo de seu filho Tito, é um dos mais grandiosos monumentos da Roma Antiga.
A parede externa do anfiteatro preserva os quatro pavimentos da estrutura de concreto armado; nas três arquibancadas inferiores estão as fileiras de arcos, e na quarta, pequenas janelas retangulares.
Construído em 72 d.C., sobre o lago da casa de Nero, a Domus Aurea, ficou conhecido como Colosseo porque ali foi achada a estátua gigante (colosso) do imperador que incendiou Roma. Para a inauguração, apenas oito anos depois do início das obras, em 80 d.C., as festas e jogos duraram cem dias, durante os quais morreram 9 mil animais e 2 mil gladiadores.
As atividades do Coliseu foram encerradas em 523 d.C., mas o espaço permanece carregado de uma clima misterioso.
Depois de 1.500 anos o Coliseu voltou a viver. Por um breve período - de 19 de julho a 6 de agosto - o monumento que se tornou símbolo do império romano e da cidade eterna, foi palco de espetáculos.
Eventos que nada têm a ver com os cruéis e violentos jogos da época do império para os quais o anfiteatro Flávio, verdadeiro nome do Coliseu, foi construído.
Sobre os escombros do maior anfiteatro do mundo antigo foi construído um novo palco para encenar peças de Sófocles. Édipo Rei, Antígone e Édipo em Colono foram montadas por companhias da Grécia, do Irã e de Israel, respectivamente em língua original com livreto em italiano.

O palco, feito de pranchas de madeira resistente e indeformável, como era originalmente, medindo 400 metros quadrados - menos de um quarto da superfície total - foi construído sobre parte do que resta dos subterrâneos para que houvesse a possibilidade de se ter ao menos em parte uma idéia de como era o local.
A reconstrução foi feita na parte leste, do lado oposto da bilheteria, zona que pode resistir melhor ao impacto. Para maior segurança, a base é reforçada, aproveitando as paredes da época romana antiga e integrando os espaços vazios com argamassa.
Por esse lado entrava o desfile que abria os jogos, inventados para distrair os romanos das dificuldades e para os imperadores ganharem o apoio da massa. Eram cavalos, tigres, leões, girafas, gladiadores, caçadores e músicos que paravam diante do camarote do imperador que dava início à "festa".
O Coliseu tinha capacidade para 60 mil espectadores. Agora foi permitida, no máximo, a entrada de 700 pessoas para cada espetáculo, isso para proteger o monumento que está sendo submetido a uma longa e lenta restauração para reforçar a sua estrutura.
A imagem que se tem agora, entrando no imponente anfiteatro de 56 metros de altura, no entanto, não dá uma idéia clara de como era o local. O que resta da fachada externa equivale a cerca de dois quintos do monumento que é sustentado nas extremidades por duas muralhas construídas em 1800.
É preciso usar a imaginação para conseguir visualizar a arena, as arquibancadas e o subterrâneo cheio de corredores, porões e uma rede de canais que podiam transformar a parte central numa área para batalhas. Lá ficavam os animais, as armas e os instrumentos usados durante os espetáculos.
Um meio adotado para eliminar a associação do local com morte é a campanha das Nações Unidas contra a pena capital. Durante este ano, toda vez que, em qualquer parte do mundo, um condenado à morte for poupado, as luzes do Coliseu ficarão acesas por 48 horas.


COLISEU DE ROMA
"Enquanto o Coliseu se mantiver de pé, Roma permanecerá; quando o Coliseu ruir, Roma cairá e se acabará o mundo".
A profecia do monge inglês Venerável Beda dá a medida do significado que teve para Roma o anfiteatro Flávio, ou Coliseu (Colosseo em italiano), nome que alude a suas proporções grandiosas.
O Coliseu ergue-se no lugar antes ocupado pela Domus Aurea, residência do imperador Nero.
Sua construção foi iniciada por Vespasianus por volta do ano 70 da era cristã.
Titus inaugurou-o em 80 e a obra foi concluída poucos anos depois, na época de Domitianus.
A grandiosidade desse monumento testemunha o poderio e o esplendor de Roma na época dos Flávios, família a que pertenciam esses imperadores.
O edifício inicial, de três andares, comportava mais de cinqüenta mil espectadores.
Dois séculos depois, sua capacidade foi ampliada para quase noventa mil, quando os imperadores Severus Alexander e Gordianus III acrescentaram um quarto pavimento.
O Coliseu foi construído em mármore, pedra travertina, ladrilho e tufo (pedra calcária com grandes poros).
Sua planta é elíptica e os eixos medem aproximadamente 190 por 155m.
A fachada se compõe de arcadas decoradas com colunas dóricas, jônicas e coríntias, de acordo com o pavimento.
Os assentos são de mármore e a cavea, escadaria ou arquibancada, dividia-se em três partes, correspondentes às diferentes classes sociais: o podium, para as classes altas; as maeniana, setor destinado à classe média; e os portici ou pórticos, para a plebe e as mulheres.
A tribuna imperial ou pulvinar ficava no podium e era ladeada pelos assentos reservados aos senadores e magistrados.
Por cima dos muros ainda se podem ver as mísulas que sustentavam o velarium, grande cobertura de lona destinada a proteger do sol os espectadores.
A arena do Coliseu foi cenário de espetáculos cruéis, como lutas de gladiadores ou de feras.
Nos subterrâneos ficavam as jaulas dos animais, bem como todas as celas e galerias necessárias aos serviços do anfiteatro.
O edifício permaneceu como sede principal dos espetáculos romanos até o tempo do imperador Honorius, no século V.
Danificado por um terremoto no começo desse século, foi restaurado na época de Valentinianus III.
Em meados do século XIII, a família Frangipani transformou-o em fortaleza.
Nos séculos XV e XVI foi diversas vezes saqueado e perdeu grande parte dos materiais nobres de que tinha sido construído.
Acredita-se que o Coliseu tenha sido cenário dos primeiros martírios de cristãos e, por isso, no século XVII, o papa Bento XIV consagrou-o à Paixão de Cristo e declarou-o lugar sagrado.
Os trabalhos de consolidação e restauração parcial do monumento em ruínas foram feitos sobretudo pelos pontífices Gregório XVI e Pio IX, no século XIX.
O grupo formado pelo Coliseu e pelo vizinho arco de Constantinus I, ao lado das ruínas do forum imperial, é um dos conjuntos arquitetônicos mais evocativos da antiga Roma.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

SENADO ROMANO


SENADO ROMANO
O Senado era uma assembleia de notáveis - o conselho dos patres, ou chefes das gentes patrícias - que provinha já dos tempos da realeza romana. Rigorosamente hierarquizado, representava o poder fundamental da República (509 a. C.-27 a. C.), que diminuiu bastante depois da implantação do Império (27 a. C.-476 d. C.), quando passou a ser quase como a "oposição republicana", sendo os seus titulares muitas vezes alvos a abater ou a enviar para o exílio por parte de imperadores mais hostis à instituição. O Senado nunca alinhou com a "democratização" na República ou com as ambições monárquicas, apoiando Pompeu contra César, "apoiou" com reservas e hesitações Otaviano (futuro imperador Octávio César Augusto), aliado pouco convicto dos primeiros imperadores, até que se tornou mesmo um centro de revolta contra Nero e a sua governação. A origem dos senadores (vitalícios) provém da sua riqueza e estatuto social, sendo assegurado pelos censores. No início, o recrutamento era feito entre os patrícios, nobres de linhagem antiga e tradicional em Roma; depois de 400 a. C., passou a ser possível os plebeus, antigos magistrados curuis (patres conscriptii) integrarem o Senado, que começou com Júlio César (49-44 a. C.) a receber também elementos oriundos das províncias. Na origem, o Senado tinha 100 membros, 600 na época de Sila (82-79 a. C.), 900 com Júlio César e 300 na parte final do Império. A aristocracia senatorial foi sempre a classe social mais elevada do estado romano , mesmo nos últimos tempos do Império. O primeiro dos senadores com o nome a constar na listagem elaborada pelos censores (o album senatus, elaborado de cinco em cinco anos) era designado por princeps senatus (patrício e geralmente um antigo censor) , título que pertenceu a Octávio (Augusto) e que depois esteve na base do nome do Principado. No entanto, o Império foi funesto com o Senado, afastando-o gradualmente da administração dos assuntos e questões de Roma, diminuindo a sua importância enquanto assembleia política. O conflito entre o Senado e os imperadores e as transformações súbitas das funções e da estrutura do Senado estão entre os processos melhor documentados da história da primeira parte do Império. Aparentemente, o Senado não detinha grandes poderes e até não se podia reunir por sua iniciativa, por exemplo; era consultivo, não legislativo, mas o seu poder era o supremo em Roma, portador da auctoritas religiosa (detinha também o poder religioso), por exemplo, ou instituição máxima em termos financeiros, para além de controlar a política externa de Roma.
Apesar das convulsões com os imperadores, o Senado, omnipotente como dizia Políbio, não perdeu nunca os pergaminhos de classe ou ordem senatorial, de "fina flor" da sociedade romana, com participação no governo, variável claro. A sua participação nos assuntos internos de Roma nem sempre foi meritória, recorde-se, ou isenta de falhas graves e trágicas até, mas a esta instituição deve Roma o brilho do seu poder, de civilização baseada em instituições sólidas e operantes, entre muitas vitórias fulcrais ou às primeiras formas de organização provincial.