sábado, 25 de maio de 2013

Críticas à II Cruzada (1147)

"Deus permitiu que a Igreja Ocidental, devido aos seus pecados, fosse derrubada. Surgiram então, na verdade, certos pseudoprofetas (…), que seduziram os cristãos com palavras vãs, compelindo toda a casta de homens, por uma vã pregação, a ir contra os Sarracenos, a fim de libertar Jerusalém. A pregação destes homens foi tão grandemente influenciadora que os habitantes de quase todas as regiões, se ofereceram espontaneamente para a comum destruição. E não apenas homens da plebe, mas também reis, duques, marqueses e outros poderosos deste mundo, acreditando que prestavam assim serviço a Deus. Os bispos, arcebispos, abades e outros ministros e prelados da Igreja uniram-se neste momento erro, precipitando-se nele com grande perigo de corpos e almas. (…) Porém, as intenções destas pessoas eram diferentes. Algumas, na realidade, ávidas de novidades, iam para saber coisas novas sobre as terras. Outras eram levadas pela pobreza, por estarem em situação difícil na sua casa; estes homens foram para combater, não apenas os inimigos da Cruz de Cristo, mas mesmo os amigos do nome cristão, onde quer que vissem a oportunidade de aliviar a sua pobreza. Houve os que estavam os que estavam oprimidos por dívidas para com outros, ou que desejavam fugir ao serviço devido aos seus senhores, ou que estavam mesmo esperando o castigo merecido pelas suas infâmias. Só com dificuldade se poderão encontrar uns poucos que não tenham dobrado os joelhos a Baal, que tenham sido orientados por um saudável e santo propósito e inflamados pelo amor divino a combater ardentemente e mesmo a derramar o seu sangue pelo Santíssimo. (…)"

 “Annales Herbipolensis – Monumenta Germaniae Histórica – Scriptores”, t. XVI, Hannover, 1859, p. 3, in Fernanda Espinosa, Antologia de Textos Históricos Medievais, Lisboa, Livraria Sá da Costa Editora, 1981

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