sábado, 25 de maio de 2013

Viver em Roma

"Vivemos numa cidade suportada por frágeis vigotas. Porque é deste modo que o administrador repara a casa prestes a cair: tapa a fissura de uma velha fenda e diz-nos que durmamos tranquilos enquanto a catástrofe paira sobre a nossa cabeça! Não, não, tenho de viver onde não haja tantos fogos, tantos alarmes nocturnos. (...) O terceiro andar já está em chamas e tu ainda não deste por nada. Desde o rés-do-chão que todos estão em pânico mas o último a assar é o locatário das águas-furtadas que só tem a protegê-lo as telhas onde ternas pombas vêm pôr os ovos. (...) Se te conseguires afastar dos jogos de circo, podes comprar uma excelente domus em Sora, pelo mesmo que pagas, num ano, por um túgurio em Roma. (...) A maioria dos doentes, em Roma, morre de insónia (...), pois que sono é possível num apartamento? Quem, senão os ricos, consegue dormir em Roma?"
 Juvenal, Sátiras, séculos I – II d. C

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