sábado, 14 de dezembro de 2013

A dimensão ideal da cidade-Estado grega

“Cada coisa, para possuir todas as propriedades que lhe são próprias, não deve ser nem muito grande nem muito pequena, porque, nesse caso, ou perde completamente a sua natureza, ou perverte-se (…). O mesmo se passa relativamente à cidade; demasiado pequena, não pode satisfazer as suas necessidades, o que constitui uma condição essencial da cidade; demasiado extensa, basta-se a si mesma, não como cidade, mas como nação, e nela quase se torna impossível o governo. No meio desta imensa multidão, que general pode fazer-se ouvir? Quem vos poderá servir de arauto? (…) Pode, pois, assentar-se como verdade que a justa proporção para o corpo político consiste, por certo, na existência do maior número de cidadãos possível, e que sejam capazes de satisfazer as necessidades da sua existência; mas não tão numerosos que possam eximirem a uma fácil inspecção ou vigilância. (...) Vejamos quantos elementos são indispensáveis à existência da cidade (...): Em primeiro lugar, as subsistências; depois, as artes, indispensáveis à vida, que precisam de muitos instrumentos; a seguir as armas, sem as quais não se concebe a associação, para ajudar a autoridade pública no interior contra as facções, e para destruir os inimigos que, do exterior, possam atacar; em quarto lugar, certa abundância de riquezas, tanto para atender às necessidades interiores como para a guerra; em quinto lugar, que poderíamos ter posto no início, o culto divino, ou, como costuma ser designado, o sacerdócio; finalmente, e este é o objecto mais importante, a decisão dos assuntos de interesse geral e os processos individuais. (...) Se um dos elementos faltar, torna-se impossível que a associação se baste a si mesma.”

 Aristóteles, A Política

Quais são os elementos indispensáveis à existência da pólis grega e qual a sua dimensão ideal? Porquê?

Sem comentários:

Enviar um comentário