quarta-feira, 18 de abril de 2012

Escravatura no Brasil


Os escravos foram a força motriz da economia brasileira até ao fim do século XIX. As monoculturas no Brasil, primeiro acana-deaçúcar e depois a cultura do café, necessitavam de uma mão de obra numerosa e barata. Os portugueses quetinha ido para o Brasil não iam para trabalhar na lavoura mas sim para fazer fortuna, logo o trabalho pesado teria de serfeito por alguém.
O índio foi o primeiro a ser escravizado para trabalhar na cultura nascente da cana-de-açúcar. Os problemascomeçaram a surgir muito cedo, pois os indígenas mostravam-se rebeldes à sedentarização e ao trabalho forçadorecorrendo a medidas drásticas como o assassinato, a embriaguês ou a fuga. Por seu lado, os Jesuítas mal chegados aoBrasil, tomaram a causa dos índios em mãos. Protegiam-nos dos abusos dos senhores de engenho colocando-os emaldeias criadas para o efeito, onde cultivavam o seu sustento e aprendiam a doutrina. Apesar destas ações, isso nãoimpediu que a escravidão do índio brasileiro continuasse a par da escravização do negro. Nas cidades do sul erafrequente empregar os índios em trabalhos domésticos.
Um fator decisivo, para a mudança da política esclavagista, foi sem dúvida o facto do trafico negreiro representar umaempresa muito mais lucrativa do que a captura dos índios em terras brasileiras. O tráfico negreiro era um monopólioestatal desde D. João II e a crescente procura de braços para trabalhar nos engenhos que se multiplicavamrapidamente, levou a que se intensificasse o comércio de escravos entre África e o Brasil.
A proveniência dos negros capturados em África pode ser dividida em dois grandes grupos. Com característicaspróprias, temperamento dócil ou agressivo cada grupo dava origem a preferências no mercado negreiro: trabalhopesado ou doméstico. Os Bantos eram originários da África Equatorial e Tropical e eram capturados ou traficados nasterras do Congo, Guiné e Angola. Por sua vez os Sudaneses vinham da África Ocidental, do Sudão ou do norte daGuiné. Entre os Sudaneses havia negros islamizados. Estes protagonizaram uma das mais famosas revoltas de escravos,a Revolta do Malês, em Salvador na Baía, em janeiro de 1835.
Os escravos eram empregues para trabalhar nos engenhos de açúcar, nas minas ou nas cidades. As condições de vidana fazenda variavam segundo o senhor-de-engenho, mas normalmente o escravo tinha um dia de descanso para sededicar ao cultivo de uma horta. As mulheres, em geral as mais bonitas, eram escolhidas para fazerem os trabalhosdomésticos. O escravo que trabalhava nas minas gozava de mais liberdade e tinha mesmo a oportunidade de garimparem seu proveito. As mulheres eram uma minoria e dedicavam-se à prostituição, o que lhes permitiria juntar algumdinheiro para comprar a carta de alforria. Os escravos das cidades trabalhavam nas casas, no comércio ou comoartesãos. O ensino de um ofício a um escravo era uma mais valia na altura de ser vendido.
A escravatura negra, apesar de um conformismo aparente, não foi passiva. As formas de resistência dos escravosnegros iam desde as fugas individuais ao suicídio, passando por formas mais organizadas, como a constituição dosquilombos ou a associação em Irmandades Religiosas. Na sua essência representavam um refúgio e uma forma depreservar o seu estilo de vida e crenças ancestrais. Os quilombos eram aldeias de escravos fugidos fundadas em locaisde difícil acesso. Quase sempre, os quilombos foram descobertos e destruídos. O mais famoso destes foi o de Palmaresem Alagoas. As Irmandades Religiosas ofereciam proteção e apoio e aos seus membros. Os escravos podiam mesmoalmejar a liberdade com a ajuda destas instituições. A fusão do catolicismo com as crenças africanas resultou numasimbiose religiosa, como o candomblé, que hoje empresta um cariz muito próprio à vida espiritual brasileira, sobretudo naregião da Baía.

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